Fernanda Brunetto: Uma entusiasta das relações saudáveis 

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Fernanda Brunetto
Fernanda Brunetto

Desde pequena desacomodada, sensível e curiosa, Fernanda Brunetto conta que sua maior fortaleza e entusiasmo sempre foi estabelecer  bons vínculos e desenvolver redes de relações saudáveis com as pessoas. 

Inspirada por várias histórias de superação de seu entorno, sempre entendeu que poderia ir muito longe. Com fome de aprendizado, desde a infância se interessava por novos conhecimentos, o que a levou para conhecer o mundo e muitas outras culturas.

“Me interesso muito por conhecer as pessoas e aprender com elas. Fico muito feliz em ver a enorme rede que criei, seja profissional ou pessoal. Certamente, hoje colho muitos frutos de obter pronta ajuda quando preciso em função do bom vínculo e experiências passadas de aprendizado e ajuda mútua com as pessoas. O mundo é bem maior do que o seu próprio quarto. A gente precisa fazer a vida valer a pena, especialmente deixando  marcas no coração de quem passa pela por nós”, destaca Fernanda.

Nos mais de 20 anos trabalhando com gestão de pessoas, qual foi seu maior aprendizado de carreira?

Eu sempre fui uma pessoa de convicções fortes e sólidas. Como estudo muito, sempre proponho programas, processos muito bem organizados, argumentos bem estruturados. Mas houve alguns momentos da minha vida em que consegui entender que nem tudo funciona pra sempre. Ou seja, o que foi verdade um dia, pode não ser mais. 

Mudar virou a coisa mais constante desse mundo nas últimas décadas. Se  tivermos uma mentalidade mais aberta e inclusiva, certamente a gente vai desfrutar desse aprendizado e evoluir junto com as mudanças. Ainda assim, também entendo que, dependendo da cultura de quem estamos nos relacionando, precisamos modular a comunicação e a forma de apresentar propostas. Essa habilidade faz toda diferença na hora de desenvolver relações de confiança e reputação.

Sua atuação na ANDRITZ é a nível global, você percebe muitas diferenças em relação à maturidade digital entre o Brasil e os demais países do grupo? 

Para mim, o que faz diferença para um negócio atingir a maturidade digital, tem a ver com o quanto as pessoas usam tecnologia para suas entregas, com o mindset (digital) e com aspectos culturais que, dependendo do país, trazem diferentes desafios. É sempre importante a atenção a que culturas estão envolvidas nos programas e reuniões, adaptando a comunicação e as propostas para que se possa engajar o grupo todo de forma mais efetiva.

Em uma conexão digital,em uma reunião com câmera fechada, por exemplo, ficamos sem a comunicação não-verbal, o que impacta muito no entendimento entre as pessoas, especialmente se as pessoas estiverem na América Latina que necessitam de mais elementos para desenvolver confiança. São muitas as pesquisas que mostram que, no digital, o contato visual também é fundamental para comunicar emoções e se conectar com o outro.  

E, quando falamos sobre a forma de se comunicar, tanto os asiáticos quanto sulamericanos, fazem isso de forma bastante abstrata, com uma complexidade de linguagem e grande quantidade de mensagens subentendidas e subliminares. As pessoas da cultura do hemisférios norte não conseguem entender. Eu mesma comecei a ajustar minha comunicação para ser mais efetiva conforme o time.

Por isso, na minha opinião, a melhor forma de atingir a maturidade digital é ser muito intencional e fazermos bons combinados com os times sobre o uso da tecnologia e sobre a prática dos comportamentos da cultura desejada. Bons acordos garantem expectativas alinhadas e melhor probabilidade de que as entregas, ou nesse caso, a maturidade digital aconteçam.

Como é liderar a área de RH em uma divisão de negócios que respira tecnologia e automação? Em quais aspectos esses universos convergem em desafios e oportunidades? 

A ANDRITZ é uma empresa de engenharia, mas que embarca sempre muita tecnologia e inovação em seus produtos e serviços. Isso me chama muito a atenção desde que entrei na empresa.  Por mais que a tecnologia venha para trazer velocidade e amplitude de resultados para o nosso dia a dia, se não tivermos um olhar humano muito forte de mãos dadas com a tecnologia, não conseguiremos avançar para uma colaboração saudável e eficaz. 

Em especial, os nossos colaboradores das áreas de automação e digitalização, que estão prestando serviço para o nosso cliente, representando a empresa, tem uma série de complicadores que sempre me instigaram muito, precisamos mantê-los engajados e conectados à cultura ANDRITZ, mesmo estando dentro da empresa do cliente e longe dos nossos escritórios. Eu acredito e adoro  estar em uma área de RH que é negócio, ter contato com clientes, com RHs dos clientes, temos que ser uma área de RH que vai agregar valor visível  ao cliente final.

E quando há esse potencial em função da natureza do negócio, eu vejo o quanto o RH pode ser estratégico e fazer diferença ao cliente final. O nosso papel é fomentar uma cultura de colaboração que possa direcionar comportamentos para um mesmo foco para, a partir disso, obter resultados e superar as expectativas dos nossos clientes.

As mulheres ainda são minoria no setor de tecnologia. Como essa pauta é conduzida na ANDRITZ? 

A ANDRITZ tem um programa de ESG global chamado We Care, no qual a empresa estabelece os seus compromissos com os pilares de meio ambiente, social e de governança corporativa. Dentro do pilar social,  temos um olhar aos aspectos de cuidado com as pessoas e de potencializar a diversidade que temos na  companhia. Ainda estamos no início dessa jornada, mas   sabemos que a diversidade realmente traz inovação e o potencial de ver perspectivas diferentes. A diversidade cultural é muito celebrada na ANDRITZ já há muitos anos. 

A perspectiva de equidade de gênero é um tema que temos trabalhado mais fortemente.  Temos feito esforços para aumentar o número de mulheres em geral, assim como em cargos de liderança. Temos uma meta, um compromisso enquanto empresa, não só na área de automação e digitalização, mas na ANDRITZ como um todo. Para alcançarmos esta meta, temos desenvolvido oportunidades de aumentar mulheres na base de posições de entrada, através de programas de estágio, trainee, treinamento de base para quando não há no mercado as profissionais que estamos demandando, especialmente nas áreas técnicas, o que ainda é um enorme desafio

Em específico, nas áreas de automação, temos um plano com estratégias de employer branding para termos mais mulheres candidatas para as nossas vagas, além de uma série de iniciativas para reconhecer as mulheres das nossas  equipes,  e iniciativas de conscientização e de aprendizado coletivo sobre a pauta diversidade, equidade e inclusão..

Como estimular uma cultura voltada à inovação e à transformação digital e, ao mesmo tempo, colocar as pessoas no centro?

Na ANDRITZ, queremos ser um líder global que fornece soluções de engenharia e tecnologia inovadoras e de qualidade para nossos clientes. Para continuar crescendo e aumentar nossa lucratividade, precisamos atender melhor nossos clientes de forma integrada e contínua, como um grupo com uma marca. Isso é o que chamamos de ONE ANDRITZ, nossos direcionadores estratégicos, incluindo nossos valores: Paixão, Parceria, Versatilidade e Perspectivas, onde a inovação está fortemente presente e impulsiona nossa cultura.

Para incorporar ONE ANDRITZ em nossa cultura, definimos um conjunto de quatro comportamentos principais (#1ANDRITZway), que descreve como queremos trabalhar juntos: Foco no Cliente, Responsabilidade por Desempenho, Compromisso Compartilhado e Abertura. Desde 2021, temos implementado várias ações, tais como campanhas, treinamentos, workshops e implementação de processos globais de gestão de pessoas, por exemplo o ciclo de performance integrando os comportamentos culturais, para comunicar e ajudar líderes e times a implementar a prática dos comportamentos culturais em seu dia a dia de trabalho.

Em forte conexão ao desenvolvimento da cultura, é fundamental trabalhar a experiência do colaborador. Entendemos que o mais efetivo  é desenvolver o Customer Experience (CE) de dentro para fora. Já que, assim como colocamos o cliente no centro, estimulando que todos pensem no problema do cliente final, também precisamos fomentar que os colaboradores tenham experiências tão positivas que os mobilizem em direção à superação das metas do negócio.

De forma a refletir na prática este princípio, a ANDRITZ implementou recentemente uma estratégia robusta de escuta aos colaboradores através do Programa Global de  Employee Engagement, na qual temos múltiplas pesquisas rápidas e fáceis de responder para todos os colaboradores, tanto relacionadas a experiência de trabalho, cultura e demais fatores-chaves nos diferentes momentos da jornada do colaborador. Após as pesquisas, os líderes e colaboradores, junto com as equipes de RH, têm uma conversa aberta sobre os pontos de melhoria, apoiados por potentes analytics e recomendações, e juntos definem o foco das ações (máx 1-2) para implementarem em conjunto. Através desse ciclo, aproximamos os times, desenvolvemos a confiança entre líder-liderado, no time e com a empresa, e integramos ao ciclo de liderança a prática de melhorar a experiência de trabalho na empresa.

Como efeito adicional, o programa de engajamento contribui de forma substancial para a evolução da nossa cultura e prática dos comportamentos #1ANDRITZway, onde a estratégia de escuta reflete a prática do comportamento de abertura e as discussões de time e ações concretas de melhoria representam a prática dos comportamentos de Compromisso compartilhado e Responsabilidade por Resultado. Os resultados que temos colhido, especialmente desde o último ano nos mostram que estamos no caminho certo, melhorando a experiência dos nossos colaboradores e amplificando a prática consistente dos comportamentos culturais, a estratégia de negócios será atendida de forma consistente em curto e longo prazos, ao mesmo tempo que teremos os times felizes e protagonistas de uma cultura de relações saudáveis de trabalho.

Qual é o seu legado rock?

Meu legado rock é contribuir para um mundo melhor, através de melhores relações,  conexões de confiança mais íntegra que permitem experienciar boas vivências, construções, e entregas coletivas. Quando passamos pela vida das pessoas, seja por rápidos encontros ou convivências mais longas,é importante deixar marcas positivas, que façam com que as pessoas lembrem de ti pela contribuição, aprendizado, experiência boa em conjunto. Isso faz com que a gente viva ainda mais, através dos tempos.

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